terça-feira, 24 de novembro de 2009




Hoje tenho em mim um sentimento de luto, luto por meu computador.
Velho, coitado...
Mal se aguenta das pernas, se é que a essa altura ele ainda tenha uma única que seja.
É um dos meus maiores amores - se não o maior deles.
Ajudou-me tantas e tantas noites a traduzir minha vida, alma ou músicas na Internet.
Noites essas que duraram cerca de nove anos, o que é muito na vida de um computador.
Lembro que era eu uma mocinha, cocota mesmo, de dente de leite e pés no chão quando ele chegou.
Foi um alvoroço só, um computador de última geração para a geração da época e eu na curiosidade dos meus onze anos comecei ali a passar noites a fio frente ao computador.
Aprendi a escrever na escola e desaprendi com ele.
Reaprendi depois é verdade.
Criei tantos perfis em sites de relacionamento, marquei tantas festas, vi tantas fotos, descobri tantas músicas..tudo por ele...
Éramos nós inseparáveis, amigos de dividir a janta, almoço e café da manhã, de contar segredo, de espalhar novidades e manter amores;
Amigos em chuva e sol, menos de trovoada... ele tinha tinha pavor de trovão.
Confessou-me algumas vezes antes de eu desatar-lo o medo da morte por trovão, medo esse que não levará a sério, até um acidente que o deixou encostado por duas semanas.
Desde então, sempre que era dada a largada para uma trovoada daquelas, enquanto minha mãe rezava para a árvore não cair em nossas cabeças, corria eu em auxilio do meu grande e querido amigo.
Durante todos esses anos teve ele cara nova a cada lua, independente de ser lua nova, cheia, outrora, mania de mudar essa que acabei eu adquirindo com o tempo.
Deu-se que a velhice de seus software, hardware e todo o resto, resolveram como que num complô unirem-se a um vírus que o impedia de cumprir suas funções básicas, coisa que seria resolvido com sua milionésima formatação.
Acontece que de uns tempos pra cá o computador velhinho entrou na puberdade e passou a ter vontade própria, vontade que deixou seu Uzeda, pai de cinco filhos que já passaram da puberdade, enfurecido.
Tanto o deixou maluco que resolveu trocar o computador velhinho- que chegou bege e agora encontra-se cinza na sala de estar, por um pretinho de última geração.
O pobre computador velhinho ainda não sabe do seu fim, não sabe que hoje é seu último dia aqui e eu covarde que não hei de contar.
Vou junto aos outros esperar pela chegada do negrinho novinho.
Passo, olho, ele me olha de volta e sorri. Dou um sorriso amarelo e digo que ando cansada e evito o contato, ele grita atenção e pergunta o que tem feito de errado e logo se justifica que não anda tão veloz quando a nove anos atrás, mas que promete que só mais uma formação e tudo voltará ao normal.
Digo que tanto faz, não é nada e vai passar.
Ele acredita e diz para eu descansar para logo que voltar ver o msn novo que tenho para baixar.
Sorrio e deito no sofá, finjo que durmo até que durmo de verdade.
Sou traidora, sei disso, mas o que posso eu fazer, afinal?
Não sou lá nem cá muito moderna, entendo bem de tecnologia, mas é só olhar para meus eletrônicos pessoais que logo verá que prefiro a manivela - sempre preferi.
Tenho no meu quarto um som que tem um belo toca-fita.
Acho tão charmoso o envelhecimento das coisas, como acho charmosas as manchas no velhinho.
O pobre amigo, sabe disso e fica lá, no seu cantinho cansado, mal se aguentando das pernas, se é que ainda tem uma, todo seguro de si, com a certeza de que nada irá lhe acontecer.
Me sinto um monstro e nada faço.
Espero a chegada do computador preto, para poder vestir o meu e finalmente ficar de luto oficialmente.
Fomos mais do que amigos, fomos confidentes. Somos.
Somos só até essa noite e ele a essa altura sabe disso, depois de eu fazer um desktop de todo o computador, ele deve ter notado ou só anda cansado e por isso do sorriso amarelo.
Eu nada faço pra descobrir o que acontece e me sinto um monstro.
Um monstro com um sentimento de luto, luto por meu computador, computador por qual não luto.
Não luto, fico de luto.
Sendo assim torna-se um antecipado e covarde luto.

terça-feira, 17 de novembro de 2009


Uma das coisas que mais me revolta e sinto falta.
Revolta por que ninguém tem a moral de parar pra conversar com quem tem sempre algo pra dizer.
Revolta daquelas que não quero corrigir em mim ou pregar para os outros.
Sei que não posso e nem devo se quer pedir pra qualquer um ou todos pararem pra conversar, mas eu gosto e o que mais me revolta é quem tenta mudar e me podar quando quero uma conversa sincera ou só uma filosofia rápida.
Sinto falta das idéias que eu trocava ou só das coisas que eu escutava quando alguém tinha alguma coisa pra me dizer, mesmo que fosse um súbito protesto do preço da cerveja.
Todo mundo acha que a cada aproximação é só dinheiro pra bebida e reclamação da vida.
Hunf! Quantas vezes que fui parada pra dividir uma bebida pra celebrar á vida.
Quantas vezes que eles me salvaram de mim mesma com um conselho solto, um abraço apertado ou elogio barato.
Poetas dos asfaltos, me fazem tanta falta...
Geralmente são os mais corajosos e sábios entre a maioria.
Já conheci cada um nessa minha vida, um falava francês, outro entendia de matemática, outro tinha vindo do pará e encontrou jesus na cachacinha e agora quer voltar pra sua terra, entre tantas outras histórias...
Quase todos vem chegando falando polonês e quando se vai levando a sério a postura muda, o português domina a conversa e me dou conta de que muitos deles poderiam dar palestras por aí ou só aula de etiqueta pra alguns conhecidos meus.
Não to querendo com isso divulgar nenhuma campanha humanitária, é mais um bem pessoal.
Só me deixa enjoada fotos como essa em álbuns engraçadinhos de playbozinho descolado com legenda nada criativas em orkut por aí, enfim...
Está foto me pediu um texto, não sei se eu o fiz a altura da importância que é merecida, mas tentei traduzir o melhor que pude o sentimento que tenho com as lembranças das conversas e celebrações que essa foto me remeteu.
Vai ver que a carente sou eu, se for - sempre sou muito bem ouvida ou ouvinte quando preciso.
E ao escrever me deu saudades dos poetas urbanos e do poeta Andrade.
Imagino que talvez que a atenção que o Carlos D. Andrade tenha sido uma das maiores que a maioria recebe por aí.
E pensar nisso vejo que é uma das coisas que mais me revolta e sinto falta.

domingo, 8 de novembro de 2009

Lembra que eu disse ter montado uma coleção de Bijuterias?
Comentei no Twitter, lembra?
Então, agora ela tem cara e nome.


Aproveito o tempo ocioso e crio coisas coloridas. Só conctactar perpetuavalentina@hotmail.com ou 46397044/ 71751718, que eu colo aê! rs

Alguém tem por comida em casa ;)

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Seja um idiota

A idiotice é vital para a felicidade.





Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre.
Putz! A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado?
Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores e afins
No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota! Ria dos próprios defeitos.
E de quem acha defeitos em você.
Ignore o que o boçal do seu chefe disse. Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente, é ele.
Pobre dele.
Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto.
Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo,soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça?

hahahahahahahahaha!...

Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana?
Quanto tempo faz que você não vai ao cinema?
É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas.
E daí,o que elas farão se já não têm por que se desesperar?
Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. Você quer?
Espero que não.
Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... a realidade já é dura; piora se for densa.
Dura, densa, e bem ruim.
Brincar é legal. Entendeu?
Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar descalço,não tomar chuva.
Pule corda!
Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte.
Ser adulto não é perder os prazeres da vida - e esse é o único "não" realmente aceitável.
Teste a teoria.
Uma semaninha, para começar.
Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que realmente são: passageiras.
Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir...
Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!
Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e que tal um cafezinho gostoso agora?



Arnaldo Jabor



Do meu baú para a Kamila (: